29 janeiro 2006



Com o cão no couro !

Prepara que tô arretada...
Começou ontem o ano do cão : Gou.
Tá mesmo com cara de ano meu, muito meu. Mel.
Tombei umas latas, corri atrás de gato e agora descobri que tenho pedigree.
Huahuahuahuahuahuahuahua...
Me aguenta...
Honestidade, justiça, paciência, preguiça e dengo.
Jogou pro ar: eu pulo, cato e como.
Acaba não mundão...


Gulodice

Querer mais, sempre mais um tiquinho só...
Aquela sensaçãozinha de :ai, como ia ser bom só mais uma vez !
Aff, coisa louca, melhor é nem pensar não... Só deleite !!!
Hummmmmmmmmm...
Eita coisa boa demaisssss...
Sorrir pro saleiro, pro paliteiro, pro galiteiro todinho... Loirinho...
Huahuahuahuahuahuauahuahuahuahuahuaua
Jesus, Genésio, urubu, meu louro...
Sonha negro, delira no alvo.
Uiiii.
Adoro festa.
Mas ô danação essa que sonha com o bolo no dia seguinte... Ter fé é bom, as vezes, materializa.
Por mim janeiro seria eterno !!!!


Valei-me meu São Miguel

Nem penso, vou longe, dou voltas, mundo roda, e lá estamos nós de novo: Miguel e eu.
Amigão, daqueles que nem precisa telefonar, dar notícia, discutir relação... Ele sempre tá lá e sabe que eu também...
A coisa tá boa a gente ri junto, quando a barra aperta, ele me dá mão, ombro e braço...
Mania minha de ver tanto o imperfeito, e Miguel lá só esfregando na minha cara que a vida é linnnnnda, que o verão é quente, e que eu só implicante pá porra...
Dia desses, deitada em seu colo, ficava pedindo agrados, e Miguel é porreta, quando resolve me agradar é só deslumbre...
Peço pequenininho, ele me dá a imensidão.
E assim foi.
Nem sei como era minha vida sem ele, mas agora desgrudo mais não... Esse cara me ilumina a estrada, me lembra da força do coração, é meu parceiro sem medo...
Ah Miguel, sou sua fã, sua irmãzinha, sua amiga.
Obrigada por sua atenção, sua paciência, seu carinho.
Estamos juntos nessa.
Te amo

09 janeiro 2006

O Vento



No fundo da minha cabeça toca uma canção de sucesso da época da minha adolescência:
"Foi um vento que passou..." (Verônica Sabino)
Coisas remexidas por ter assistido ao filme "Filhas do Vento".
Histórias de mulheres de personalidade forte, negras, humanas, tudo muito eu.
Conflitos paternos.
Lembro-me de um dia, com muito ódio no coração, e uma lâmina envenenada na ponta da língua atirei sobre meu pai uma maldição que muitos anos depois cairiam sobre minha cabeça como um meteoro, causando um estrago substancial.
Meu pai sempre me cuspia na cara que eu devia ser agradecida, respeitosa e subserviente pois afinal ele havia me dado um sobrenome.
Minhas tripas viraravam junto com minha alma por ter que ouvir tamanho absurdo.Como se minha mãe não tivesse um sobrenome pra me dar... Sempre fui negrinha fujona que nunca aceitou grilhão. Escrava de um nome, vê se tem cabimento !!!
Num momento de fúria disparei sobre ele :
Pois sua ignorância finda em mim, você não terá descendentes, seu nome morre aqui !!! Se um dia me casar atiro seu nome no esquecimento, e se tiver filhos eles só terão o nome do pai.
E acima de nós a Terra continuava redonda e girando.
Os anos me prenderam ao meu nome, me fizeram admitir que entre meu pai e eu haviam mais semelhanças do que eu gostaria de aceitar, aprendi a engulir a seco as palavras ruins e me abriram os canais lacrimais pra desaguar a dor de realmente não dar descendentes aos meus pais. Nenhuma impossibilidade física ou mental, só mais uma piada do tempo.
Sou mais uma filha do vento, cada vez que ele sopra, eu ergo as velas e deliro com a alegria de navegar por águas novas. Quando o vento para, repouso, medito, e espero pois tenho a certeza que ele volta, sempre.
Meu pai e eu aprendemos com o bambu, perdemos a arrogância, e nos curvamos, um diante do outro. Mas as palavras são mágicas, quando soltas ao vento parecem perdidas, mas tem poder, e são como boomerangs, voltam.
Mas sempre é tempo de aprender e reciclar, transformar o feitiço, produzindo também palavras de amor e perdão. Sem medos e sem bloqueios, deixando o vento soprar livre trazendo para a alma novos ares.
O Tempo



Perdi a hora de nascer, e isto marcou de vez a minha personalidade.
Eu estava sentada como quem espera a hora certa, mas filosofando pra saber mesmo se deveria vir ou não...Penso, penso, penso... O que mais fiz na vida foi pensar.
A história seguiu e a minha incapacidade de acordo com o relógio também... Para complicar ainda mais meu organismo é noturno.
Se todos esses detalhes ficassem presos apenas ao plano físico me daria por satisfeita, mas me acompanha a neurose do atraso, aquela nítida sensação de não alcançar o momento certo.
Nasci em 1970 e tenho lembranças límpidas de fatos que ocorreram quando eu ainda nem era um espermatozóide. Aos oito anos de idade tinha discussões homéricas sobre o momento político com um primo que veio se esconder das garras da ditadura na casa dos meus avós. Eu sempre fui improvável.
Ou muito à frente ou bem lá atrás, mas nunca no momento certo.
Uma confusão de detalhes. Um jeito estranho... Insuportavelmente madura aos seis anos, e quase uma adolescente tresloucada aos 35.
Uma vontade imensa de deletar diversos capítulos, ajustar, encaixar na cronologia.
Hoje assisti "Brilho Eterno de uma mente sem lembranças" e tive inveja, muita inveja.
O único momento em que senti a sensação de estar no lugar certo na hora certa, foi exatamente o ínicio do episódio que tempos depois marcou a maior dor que posso me lembrar.
Numa calçada, numa noite de terça-feira, num mês de março, uma visão. Por uma fração de segundos, como no cinema, tudo ao meu redor desapareceu, e eu consegui enxergar o deslocamento do espaço-tempo materializando diante dos meus olhos. E foi tão imenso, e tão poderoso, que quase podia ser mensurado cientificamente: naquela exata fração de segundo minha vida mudou.
E se eu tivesse o poder de deletar dados da minha memória, seria esse o ponto.
É claro que tem toda aquela conversa de que tudo é válido como aprendizado, que isto molda nossa personalidade, etc,etc,etc... Eu não ligaria a mínima de não ser hoje quem eu sou, de ser mais fraca por não ter sobrevivido a isso, ou qualquer argumento que possam me esfregar nas fuças. Foda-se. Eu apagaria. O bom, o belo, o desenvolvimento ou o cassete a quatro, eu estou certa de que chegaria por um caminho menos abrasivo.
Adoraria beber uns goles de um limpa-tudo-desengordurante que fizesse uma faxina nas minhas lembranças. Um raio-laser-limpador-de-tatuagens-mentais.
Seguiria minha vida feliz, desorientada, achando engraçado o tempo não se conectar nunca na minha existência.
Tomara que eu viva até o dia mágico em que a tecnologia seja capaz de tamanha maravilha. Pelo menos não levarei travado na minha próxima encarnação, esse gosto amargo na boca de karma mal resolvido com pistas de reencontro.
Saravá !!!
Deito minha cabeça na escadaria do Bonfim pra que todas as baianas lavem com alfazema essa ziquizira impregnada na minha alma numa noite de verão.
E como diria Débora : Axé Odara !!!

08 janeiro 2006

Incorporada


Ziraldo

Tô num ataque de brasilidade de dar medo. Outro dia acordei negona. Meti tranças no cabelo, argola na orelha(que não via brinco há umas duas encarnações), entrei na saia rodada, deixei a baiana baixar e fui pra vida. Até na cozinha do Reveillon psicografei um bobó de lamber os beiços... Depois, destrancei. Agora tô virada na morena jambo. Muito decote, muito sorriso, e uma ausência medonha de timidez que me faz sair rebolando os dotes dados pelo meu Senhor do Bonfim, fazendo a alegria e sofrimento da galera. Aff, se fosse todo dia verão eu acabaria virando musa de Jorge Amado e Chico Buarque... Aff, o funk ??? Tô ficando atoladinha !!! Até o pescoço...
Tarde em família, criança correndo, eu descalça batendo o maior bolão com os meninos na varanda e pela janela vejo minha mãe lavando os pratos cantando baixinho:
"Tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha ..." Ahhh é impagável ver o prazer da minha genealogia. Minha vó, que beirando os noventa mostra sua flexibilidade baiana dançando "na boquinha da garrafa"... Esperar o que de mim ? Uma austro-húngara? Huahuahuahuahua !!!
Minha infância suburbana, meu DNA afro-sertaníndio baiano e o peso dessa nacionalidade, só podia dar o resultado que deu.
Tô uma Iracema Capitú Gabriela Jurema.
Cabocla.
Mulata.
Safada.
Fogosa.
Tô Vera Verão!
Tô Lacraia !
Tô Geni.
Tô Madame Satã !
Tô virada no tetéu !
Tô Brasil.
Anamnese




Doida.
Isso mesmo, completamente doida.
São tantos sentimentos dentro de mim, que eu deveria ser estudada.
Aflorados. Jorrando, cristalinos, com abundância admirável.
De uma tamanha intensidade que é preciso ser forte pra sobreviver.
Sim, eu sou DRAMÁTICA. E isso é uma maravilha. Sou teatro, sou orquestra, sou escola de samba, sou circo. Rufam no meu peito tambores negros. Um afoxé !!!
No cinema, rio, choro, descabelo, saio com uma cara de quem bateu-apanhou-lutou-sofreu-venceu-chegou. No teatro, vontade era subir e dividir o gozo. Nas ruas tudo é fotografia, no mundo tudo é deslumbre, na arte tudo é prazer e dor.
Que peito aguenta tudo isso ???
Precisava ser esse mundo tão cheio de poesia e crueldade ?
A música tira o espírito de dentro do meu corpo e dá um nó, depois devolve no lugar aquela coisa que não vai encaixar até o dia em que eu aprender a dançar...
Durante a faxina, salto, pulo rodopio, faço baliza com a vassoura. Passo pelo espelho espicho o olhar e vejo a louca... Pobres vizinhos...
Será karma ???
Energia Nuclear. Todas as minhas células reagem emoção. Tudo demais... É lágrima de alegria, é lagrima de tristeza, é lágrima de chorar de rir...
Um descontrole !!!
E a preguiça, vixi, nem falo... Vontades e desejos à flor da pele... Compulsão.
Sonhar ? Qual nada. Nem dá tempo. É tanta coisa pra ver, tanto lugar pra ir, tanta coisa pra aprender, que 300 anos seriam fichinha, dariam nem pro café...
Mora dentro de mim um buraco sem fundo.

07 janeiro 2006

Que John Malkovich que nada...
Eu quero mesmo é ser a Nara Leão !!!

Tudo lindo, é verão, ego controlado, corpinho respondendo aos comandos, uma graninha na conta, um monte de idéias na cabeça, férias, alegria alegria, samba, suór e nada de cerveja pois o porre do natal foi homérico. Bahia, ah minha Bahia !!!
2006