21 janeiro 2013

Naufrágio

É um hábito vagar sozinha pela noite. Faço isso desde menina. Sexta feira quente, meia noite, tenho 42 anos, desço a Augusta em direção ao centro. Milhares de pessoas se apinham nas calçadas. Bom sinal, encontrarei alguém. A maior vantagem de andar sozinho é sempre encontrar alguém. Da Paulista até a Caio Prado ABSOLUTAMENTE nenhum conhecido. Tenho 42 anos, é uma sexta feira quente, e entre milhares de pessoas que se apinham nas calçadas não conheço ninguém. Bem estranho para alguém que conhece todas as pedras das ruas pelo apelido familiar. Desço o escadão e vou andar sozinha na madrugada da Nove de Julho, gosto de emoções fortes. As calçadas dessa cidade viraram extensos dormitórios a céu aberto. O cheiro de urina é capaz de atingir a estratosfera. O Pelourinho já foi assim. Subo para o Bixiga, quem é quilombola sabe onde encontrar os seus. Aquelas mesmas velhas paredes, os mesmos velhos fantasmas, e a intimidade da casa que me viu envelhecer.Tenho 42 anos, ando sozinha na noite quente, bebo com velhos fantasmas, brindo pra dar força pra alguém que nunca foi deste mundo, subo sozinha a 13 de maio às 3 da manhã, discutindo com os sapatos que me machucam os pés. Num botequim esquecido embaixo do viaduto o samba come, os bêbados me louvam como se me pudessem alcançar. Chego em casa, e antes de adormecer fico matutando... Envelhecer é descer a Augusta e não conhecer ninguém numa quente noite de verão.

18 janeiro 2013

Eu vi Mamãe Oxum na cachoeira...

Sina.
A minha foi nascer do ventre de minha filha. Ela me deu a vida para que eu pudesse ser sua mãe . E quanta honra. E quanta alegria !!! Meu bebê me ensinou a andar e hoje eu a levo pela mão. Tão diferentes e tão amalgamadas. Meu urso panda cor de rosa, minha boneca luxenta, minha cara metade. Só existo pra te ver sorrir. Amor sem nome. Minha musa, minha parceira de estrada, caixa dos meus segredos, vou contigo aonde for !!!