13 fevereiro 2006



A esperança e o risco

Incrível como estamos ligados pelo resto das nossas vidas aos mitos que nos são inoculados na infância.Como aquela poética estória de que quando um grilo verde entra em nossas casas traz mensagem de esperança.
Hoje o tal grilo veio. Nos trombamos na lavanderia enquanto eu me condenava aos afazeres domésticos. Reflexão.
O ano começou assim com o céu se abrindo sobre minha cabeça e eu tomando várias decisões que há muito eu protelava.Foi como acordar de um sono profundo, cheio de pesadelos.Um alívio.
E sei lá porque as cores estão mais vivas e eu estou mais leve...
Enfim acho que me livrei daquele pessimismo que foi meu marido nos últimos 35 anos.
Podem ser os primeiros raios da maturidade ou talvez seja apenas o verão. Só sinto que preciso me mover, arriscar, fazer tudo aquilo com o qual sempre sonhei e não tive coragem. E esse sentimento é tão grande e tão forte, que se não fosse o meu racionalismo enraizado, eu partiria hoje, agora.Pela primeira vez na vida eu tenho a sensação de que não tem como as coisas darem errado mesmo se sair tudo errado, e isso é maravilhoso.
Ter ido à Bahia, recarregou minhas baterias, renovou o meu ânimo e me abrandou a alma.
Foi uma viagem solitária, tive a oportunidade de pensar muito, conversar com Miguel, silenciar meu ego, e dividir uns instantes iluminados com o menino loiro mais lindo e doce que penetrou minha alma.Um presente decisivo. Abriu meu olhar.
Serenidade, algo que eu desconhecia.
Esperança, assim como o grilo verde na lavanderia.
Chegou o dia.