13 fevereiro 2008

Sonhos de uma noite de verão

Estranhamento.
É isso o que minha imagem e minha alma sentem quando se deparam.
Prefiro não olhar minha imagem refletida, ela jamais coincidiu com o que eu sinto que sou.
Odeio ser fotografada, a cada click é uma confirmação de que o corpo que habito não me pertence.
Sei o que sentem aqueles que se transformam.
Se pudesse, o faria.
Entendo Michael Jackson.
Nasci longe de minha terra natal.
Trago na pele uma cor que não é minha.
Sou assombrada por lembranças de uma vida que não vivi.
Mas de quando em vez, o real e o imaginário se chocam.
Num passeio de sábado, encontrei meu corpo parado numa esquina, aquele que antes só existia quando eu fechava os olhos e me descrevia...
Meu corpo é habitado por uma alma chamada Vanessa.
Bela alma, tão bela quanto meu corpo que ela carrega.
Meu Dengo me provoca, dizendo que conversou com meu corpo e sua bela alma numa outra ocasião...
Bobagem, impossível sentir ciúme da minha própria carne.
Talvez Vanessa e eu, sejamos apenas almas que aterrizaram em corpos trocados.
Não me privei do contato com aquela que me era tão íntima, disse a ela quão profunda era a emoção de vê-la ali tão linda.
Ela riu, então fez-se a luz !!!
Fico comovida em saber que meu corpo existe, assim como eu o via, quando fecho os olhos...
É tão confortável saber que REALMENTE existo, mesmo habitando este corpo que não sou eu, mas que é tão generoso em me suportar.
E pela primeira vez não senti o menor incômodo quando fui fotografada, pensei que este dia jamais chegaria.
Enfim, desde o dia em que nasci, eu sinto que eu sou eu.
Penso, logo, existo.


Vanessa by Symon Days ou Auto-retrato, sei lá ???