25 julho 2002

Solidãos ou Solidões

O meu maior medo é ficar só. Só eu não havia percebido que fui só a vida inteira. Nasci e cresci filha única, pai ausente, mãe ingênua, só. Muitos amores que se foram. Muitos amigos, que existem, apesar de distantes. Moro sozinha, falo sozinha, penso. Tenho medo do óbvio. Coisa mais chata é ver um mundo cheio de coisas maravilhosas e não ter com quem dividir. E vejo que não sou só eu. Reconheço, nos lugares onde ando, rostos de um passado cada dia mais distante. Mudam os cortes e a cor dos cabelos, a ideologia do vestúario torna-se mais discreta, mas estamos sempre atrás das coisas que acontecem no mundo. Não consigo me aproximar. Vejo muita gente interessante, bem mais jovem, mas me parecem perfeitamente integrados a seus grupos. Meu grupo se desfez com os anos. Tornaram-se mais realistas. Os sonhadores se dispersaram com o perfume da adolescência. Ainda não tenho estômago suficiente para chats. Vi o Strangefruits, fiquei maravilhada, queria falar, comentar... Vi filmes maravilhosos, tantas idéias... Algumas mensagens no Icq, alguns recados em caixa postal, e uns posts no blog. O meu futuro é presente.

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