15 março 2003

Será que somos todos doentes ?
Ai que meda...

Assim sendo, não só não creio que o individualismo não é sinônimo e nem implica em egoísmo como é forte a convicção que tenho na direção oposta: o egoísmo deriva da imaturidade emocional que se caracteriza pelo incompleto desenvolvimento da individualidade. O egoísta não pode ser individualista porque ele tem que ser favorável à vida em grupo já que não tem competência para gerar tudo aquilo que necessita. É do grupo -- ou de algumas pessoas pertencentes ao grupo -- que irá extrair benefícios. O egoísta é aquele que precisa receber mais do que é capaz de dar. É um fraco e não um esperto. Ou melhor, é esperto porque é fraco e precisa usar a inteligência para ludibriar outras pessoas e delas obter o que necessita e não é capaz de gerar. O egoísta tem que ser simpático e extrovertido. Não é assim porque gosta das pessoas e de estar com elas. É assim porque precisa delas e tem que seduzi-las com o intuito de extrair delas aquilo que necessita.
Uma outra forma de imaturidade emocional, menos dramática que o egoísmo, é a generosidade. O generoso precisa se sentir amado e benquisto. Para atingir esse objetivo faz qualquer tipo de concessão. O egoísta percebe isso -- é esperto e atento a todas as oportunidades de se beneficiar -- e trata de obter os favores práticos que o generoso está disposto a prestar com o intuito de se sentir aconchegado. Compõe-se uma aliança sólida e nociva entre esses dois tipos de pessoas imaturas e dependentes: o egoísta depende para aspectos práticos da sobrevivência e o generoso depende para aspectos emocionais de aconchego e de não se sentir sozinho. Esse tipo de aliança define um tipo comum de elo amoroso que E. Fromm chamava de sado-masoquista: o sádico é o egoísta e o masoquista o generoso. Existe uma interdependência na qual o mais poderoso -- porque o menos imaturo -- é o generoso ou o masoquista. Sim, porque até mesmo no sado-masoquismo sexual quem dá as cartas é o masoquista!

Se tá afim de ler o texto inteiro: aqui ó.

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