07 junho 2004


Entre amores e pseudônimos

O vício de amar, essa perturbação de adrenalina,
esse desassossego delicioso que cega...
São vidas enroscadas em novelos de fantasia,
fontes de irresistíveis desejos...
Gente que insiste em anestesiar a realidade com pílulas de ilusão.
Com os olhos iluminados pela luz artificial do transe,
essa gente teima em não ver os ácaros e a poeira
que sempre moram em cortinas e tapetes,
que invadem as almas e corroem a felicidade dos apaixonados.
Tirando a vestimenta das artimanhas, como serão os corpos nus ?
Aqueles corpos que se identificam, não apenas por iniciais ou nick names?
Como serão seus calores e cheiros no momento da entrega?
A hora da não mentira, o momento em que fala o selvagem, o imprudente, o sem juízo.
A carne e o membro.
O leitoso e o salgado.
Suas vozes e silêncios,
gemidos e delírios...
Haverá o real ?
Haverá beleza ou delicadeza ?
E se não há ?
Por que insistir nessa gana ?
Como evitar ?
Utopia sonhar ?
E o ser ?
A casa aberta,
a cerca tombada
a oferta
o "se dar"
se extinguirá nas malhas da rede?
Tola, sou uma tola.
Inapta a um tempo estranho,
onde fingir,
pode ser sinônimo de sobreviver.
Assim, prefiro não existir.
Se tiver que abafar a aventura que trago
na alma, me fecho em invernos
e desligo o pulsar.

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