25 agosto 2007

A solidão e a musiquinha



A vida na Babilônia é marcada pela rotina.
Todas as manhãs, mesma coisa, acordo atrasada, café no botequim, comenta-se o futebol, correria pra pegar o trem, e dentro dele é o mais do mesmo: a solidão e a musiquinha.
Pra onde você olhar verá: pessoas e seus players. CD, mp3, radinho de pilha, cada qual com seus fones de ouvido e seus misteriosos semblantes. O retrato 3X4 da metrópole insensível.
Ninguém ouve ninguém, ninguém tem noção do espaço público, pouco importa se quem senta ao seu lado é um elefante cor-de-rosa.
Cada um se dispersa em sua própria trilha sonora. Celulares tocam e ninguém atende, o condutor anuncia as estações para ninguém, os vendedores esfregam a mercadoria em seu corpo tentando buscar um desejo perdido. Nada, só o silêncio de cada um no seu som.
Estranho viver aqui...
Posso cantar tranquila, o máximo que estranham é alguém que move os lábios com tamanha volúpia...

21 agosto 2007

Non Sense Selvagem



A vida é pouca,
as exigências são muitas.
O tempo escasso,
e os desejos inundam.
Nos querem por inteiro,
e só se dão aos pedaços.
Pagam o mínimo, sugam ao máximo.
Mastigam, engolem, vomitam
e se tiverem a a chance
ainda cospem no prato que comeram.
Em troca de quê ???
do destino sonhado para mim
pela minha avó,
daquela tal vida segura
com teto, saúde, conforto ???
Sapos com unhas,
flexibilidade bambú,
paciência de Jó...
Até para a loucura existe um limite.
o depois é o
PLOFT .
Você que se vire sem essa artéria !

16 agosto 2007

Ele


foto de Alfred Wertheimer

Eu nem sabia que amava tanto. Na tv a notícia fez o impossível: tirou minha fome. Eu era só choro por aquele amor que havia partido. Para nós não havia problemas com a diferença de idade, ele sempre dava um jeito e tirava a gente dos enroscos. Por ele eu fui loira, fui ruiva, fui havaiana. Cantava, era brava, calma, sapateava, e no final era sempre beijo na boca.
Amei você pra caramba.
Jamais outro rebolou tão gostosinho e as vezes ainda me pego rindo de lado, com aquele seu jeito de entortar a boca. Dizem que quando a gente ama até pega as manias do outro... Minha mãe me disse que você tinha se mudado pra uma ilha onde ainda moravam os dinossauros, e que todo esse auê não passava de estratégia de marketing. Continuo viajando na busca dessa nossa ilha onde tenho certeza você ainda me espera gordinho, grisalho,violão na mão e todo o amor do mundo pra me dar.
Baianamente falando : É tu meu rei!

08 agosto 2007

As sobreviventes

Mostro o pau


Um dia eu abro uma revista e dou de cara com esta cama , pronto, endoidei...
A belezura custava uma fortuna.
Eu encarei uma aventura na Rua do Gasômetro, comprei uma placa de MDF de 25mm, desenhei o corte, e desembolsei R$130,00 mais R$40,00 de frete.
A Placa cortada não entrava no elevador, dois anjos a carregaram por mim até o 5° andar. Ganharam R$30, 00 cada.
Tinta esmalte branca R$ 20,00.
Rodízios R$ 100,00.
Resultado, minha cama lindinha que na loja custava R$2.500,00 saiu por R$350,00.
Ameiiiiiiiiiiiiiii.

Gente que faz

Taurina.
Não tenho grana, mas para o trabalho sou um "pé-de-boi"
(ou de vaca, sei lá).
Consumo, assumo, tenho este entre alguns outros vícios.
Ecologista sim, mas pero no mucho...
Então já que é pra consumir , que seja com classe e consciência.
Bóra nós todos para a caçamba mais próxima ou para os brechós e bazares...
Segue aí a saga transformer do criado-mudo que me custou
R$ 5,00 no Bazar do Lar Escola São Francisco.
Sejam bem vindos ao meu novo armarinho de banheiro.