Irritação
Sim, sei que São Paulo é a cidade mais louca do país, mas a paranóia está tomando proporções estratosféricas. Pra todo lado que se olha o bicho anda pegando. Ontem, eu estava pacífica esperando meu ônibus para ir ao trabalho, em pé por quarenta minutos. Quando chegou, era de se esperar, estava lotado. Calor de quarenta graus, suávamos em uníssono. Trânsito infernal, humildemente suspirávamos. Quando chegamos a parte do trajeto onde a maioria do pessoal desembarca, o motorista resolveu passar direto por três pontos, sem parar, abrir a porta ou algo parecido. As sardinhas se revoltaram, houve quebra-quebra, bateram no motorista, xingaram as mães de meio mundo, e por fim desci rumo ao trabalho. O final do dia transcorreu normalmente.
Hoje, ao sair do trabalho, rumo ao ponto do ônibus, subo uma ladeira básica e enfrento um descidão até o ponto. No alto da ladeira básica, pude observar um grupo de rapazes que batiam papo enquanto um deles lavava o carro. Pensei, o que eu diria caso eles resolvessem me molhar pra fazer gracinha. Segui ereta e séria no meu caminho, quando passei por eles, adivinha: o cara me deu um banho. Se ao invés de pasta plástica, eu carregasse meus papéis em um envelope, eu os teria perdido. O que eu disse, nada, estou zen, mas se isso ocorre num dia de TPM, talvez fosse necessário solicitar policiamento.