01 junho 2004
O moço que veio de longe
Ele chegou com os braços abertos e um pacote cheio de elogios (como outros tantos que já vi chegar).Mas veio da terra do sol e trouxe uma proposta que eu não soube recusar. Uma cara morena com sorriso de desenho,lindo.Me fisgou. Era como se já vivesse aqui em mim há séculos, e eu só insisto em lhe contar meus segredos porque ele tem memória ruim, mas é como se já soubesse todos.Delícia viver de alma pelada. Ele brinca de ser menino, me segue escondido pra ver o que faço, me espia, bole com minhas idéias, me enche de perguntas, me alegra a vida.Faz travessura também, dou pito, ele amendrontado se enfia num buraco e com um rabo de olho me pede perdão assim meio sem jeito. Quem resiste ? Me provoca, mexe com os meus nervos, faz promessas que nunca vai cumprir, e eu deixo... Sabe como me pegar.Tão inocente, às vezes fala bobagem e me mata de rir, noutras me dá colo( de um jeito que nunca tive), e acha que eu sou de outro mundo, pensa que eu voo, assobio e chupo cana. Tem medo de mim, acha que vou pegar uma corda e amarrá-lo dos pés à cabeça, atá-lo ao meu corpo e não soltar nunca mais, que bobo. "O seu amor, ame-o e deixe-o livre para amar, livre para amar, livre para amar..."
Somos Doces Bárbaros, meu dengo...
Ele é assim um irmão, um filho, um pai, um homem adorável, um desejo contido, uma esperança gostosa...Um sonho.
Companheiro, cúmplice, um delírio etéreo, algo que não pode ser real, bom demais pra ser verdade e me faz bem. Como me faz bem...
Se evaporar quando alguém acender a luz, ainda serei feliz... Agora ninguém me tira mais esse gosto de verão, esse fogo na venta, essa saudade cantada com sotaque que eu nunca ouvi.
(Meu lindo, tem medo não, é devaneio, mas é pra você ficar tranquilo, que passarinho que voa livre canta bem mais bonito.E pertinho ou lá longe você já é tatuagem, mesmo que nunca se faça o desenho...)
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