09 novembro 2006

Como posso não me reconhecer nela ???




Nem sempre Deus dá ouvido as mães. Talvez porque seja melhor assim. Elas poderiam alterar a evolução das espécies com suas orações.
Minha mãe rezava noite e dia para que eu não herdasse "determinas caracteristicas gênicas" do meu progenitor...
Não adiantou nada...
Lá estava eu, cantando feito uma destemida, sentindo cada vez mais afeição pela boemia, e arrebentando alguns padrões estéticos e comportamentais só pra variar...
Já dizia o velho e bom Graffa: Você é um míssel tele-guiado.

Nunca me poupei de falar tudo o que penso, já levei uns tombos por isso, mas nenhum tão marcante que me fizesse agir de modo diferente...
Estou vendo o tempo passar. As pessoas usam óculos cada vez maiores e minha paciência está cada dia menor. Procuro tecidos pelo toque e pela estampa. Adoro cores pra lá de vivas. Meu ouvido está cada vez mais seletivo. E as pessoas nunca sabem se eu realmente existo ou se sou um personagem, mesmo depois que me conhecem...
É por estas e outras que estou cada vez mais vendo o mundo com os olhos de Aracy.
ARACY DE ALMEIDA !
Se você não lembra, procure se informar. Se vc não conhece, aproveite e se deleite.
Essa musa, esse mito, que viveu naquele lugar mágico, onde eu me reconheço de outra encarnação, a noite.
Aracy é noite e samba. Aracy é humor e escárnio.
Você não sabe quem é "realmente" a Aracy ???
Nenhum de nós jamais saberá.
Só sei que cada dia mais me reconheço neste pulsar.
Viva Aracy, viva a "Arquiduquesa do Encantado "!!!

Se você é preguiçoso aproveita que hoje eu tô boazinha, vou botar parte deste texto imperdível sobre essa musa:

"Seu vocabulário particular dá pra montar um pequeno dicionário de frases e expressões. Mário de Andrade, com quem conviveu, era um matusquela. Noel era grilado, cheio de transas e tal e aos 27 anos apagou, bateu com as dez. Ary Barroso achava que ela só falava calão e outras minhocas mais e certa vez, depois de beber além da conta, foi encontrado botando alpiste pelo ladrão. Ela admitia seu mau humor dizendo ter os bofes azedos. Se dizia uma moça que vinha do subúrbio e estava querendo entrar numas zorras que não ia dar pedal mesmo. Sobre as óperas que ouvia com freqüência no radio, dizia: Adoro aquele berreiro! Figura da noite, sempre que convidada a cantar se negava, pois afinal quem canta de graça é galo.
Nunca teve papas na língua e é protagonista de histórias memoráveis, como aquela da festa elegante em que um rico industrial paulista resolve apresentá-la à esposa que disse:
? Dona Aracy, a senhora não imagina quanta honra é conhecê-la pessoalmente. Como vai passando?
Ao que Aracy com muita naturalidade respondeu:
? Ah, minha filha, eu ando muito fudida!"
(Marcus Fernando)

2 comentários:

Anônimo disse...

Salve Aracy de Almeida!!!!!!

Anônimo disse...

Eh! Aracy! Aracy éra foda mesmo! Totalmente escrachada. Lembro que ela mencionou essa frase num programa da Hebe, lá se vão uns 40 anos "Tô botando alpiste pelo ladrão!" Acho que ela seria uma boa humorista como Chico Anísio em seus monólogos no teatro. Arrebentaria as tripas de muit gente de tanto rir.