20 outubro 2008

Veículo Pernamotor


Foto:Symon Days

Nos meus tempos de Babilônia, uma das coisas que mais me estressavam era o tal sistema de transportes.
Pra trabalhar enfrentava diariamente aquele trem que me deixava maluca, na balada ônibus só até a meia noite, metrô cada vez mais inviável, ou seja, você é obrigado a se matar de trabalhar para comprar uma “família”.
Sim, isso mesmo, porque a partir do ato da compra você adquire uma boca a mais pra sustentar: IPVA, seguro, estacionamento,combustível... E trânsito, congestionamento, doidos violentos, afff vejo uma gastrite descontrolada correndo em minha direção.
Pois é, nada fácil a vida dos Babilônicos !!!
Já aqui no Balneário Brasil Colônia tudo é diferente...
Existem duas condições: dentro e fora da cidade.
Podemos enquadrar como dentro: perímetro urbano, zona rural do outro lado da rodovia e seus arredores. E o fora: localidades as margens da rodovia, e obviamente as cidades próximas.
Para a grande maioria dos habitantes do “dentro”, o grande meio de transporte é o democrático “veículo pernamotor”, e isto é uma maravilha !
Aqui os bebês já saem da maternidade sobre duas rodas e com uma brisa marinha deliciosa soprando em seus rostinhos. Gente de todo tipo criança,velho,gordo, magro, ricos e pobres, uniforme ou traje de banho, todo mundo pedalando...
Ainda me emociono ao olhar o balé silencioso. Ninguém buzina, ninguém corre, só aquela cadência deslizante de quem sabe pra onde vai, e não tem pressa!
Dia de chuva é lindo, pra todo lado guarda chuvas sobre duas rodas, acho engraçado como uma imagem tão inocente me provoque tamanha excitação!


Foto:Symon Days


A cidade possui duas ciclovias, uma no centro beira-rio, boa para passeio, e outra que dá acesso a zona rural , ou seja meu caminho para casa, 3km de pura alegria de viver.


Foto:Symon Days

Fazenda de gado, mata, passarinhos, árvores de flor. Ando apaixonada por cada centímetro deste chão. Faz parte da “Estrada Real”, por onde se fazia o transporte do ouro das Minas Gerais até o mar. Tudo bem conservadinho, faxina quinzenal, embora os amantes da sujeira continuem a deixar seus rastros.


Foto:Symon Days

Eu ouço sempre a trilha sonora de Luiz Gonzaga a cantar “Estrada de Canindé”:

“Mas o pobre vê nas estradas o orvalho beijando a flor
Vê de perto o galo Campina que quando canta muda de cor
vai molhando o pé nos riachos de água fresca, nosso senhor
vai olhando coisa a grané, coisa qui pra modi vê
o cristão tem que andar a pé...”



(ou de bike...)


Foto:Symon Days

Atualmente meu objetivo é conduzir sem o uso das mãos, como alguns malabaristas que vejo passar e daqui algum tempo terei um “ciclocargueiro”, igual ao de uma senhorinha que sempre cruzo na ciclovia.
Um triciclo com carreta adaptada, um luxo !!!
Tive que adapatar minha companheira para esta nova realidade: cestinha e bagageiro são essenciais por aqui pois o fator social também é grande, afinal caronas são comuns e é preciso cuidar do bem-estar e segurança do passageiro.
Só há um probleminha: o lado de fora.
Não me arrisco pedalar na rodovia, existem muitos relatos de acidentes.
Minha praia favorita fica a uns 25 km, sempre uso as vans para chegar lá, mas para outros locais o transporte é escasso, então quando eu conseguir um dinheirinho compro um fusquinha ou uma moto e me torno uma poluidora eventual, porque paixão mesmo eu tenho é na minha “magrela”, que como eu é um escândalo!!!


Foto:Symon Days

Um comentário:

Unknown disse...

Ê, mocinha! Tudo na paz, né? Prometo que, se eu conseguir sair de Rondonópolis e chegar na Babilônia neste final de ano, e se vc estiver por aí, darei uma passada na Colônia. Saudades muitas.Beijão. Marcão