09 janeiro 2006

O Vento



No fundo da minha cabeça toca uma canção de sucesso da época da minha adolescência:
"Foi um vento que passou..." (Verônica Sabino)
Coisas remexidas por ter assistido ao filme "Filhas do Vento".
Histórias de mulheres de personalidade forte, negras, humanas, tudo muito eu.
Conflitos paternos.
Lembro-me de um dia, com muito ódio no coração, e uma lâmina envenenada na ponta da língua atirei sobre meu pai uma maldição que muitos anos depois cairiam sobre minha cabeça como um meteoro, causando um estrago substancial.
Meu pai sempre me cuspia na cara que eu devia ser agradecida, respeitosa e subserviente pois afinal ele havia me dado um sobrenome.
Minhas tripas viraravam junto com minha alma por ter que ouvir tamanho absurdo.Como se minha mãe não tivesse um sobrenome pra me dar... Sempre fui negrinha fujona que nunca aceitou grilhão. Escrava de um nome, vê se tem cabimento !!!
Num momento de fúria disparei sobre ele :
Pois sua ignorância finda em mim, você não terá descendentes, seu nome morre aqui !!! Se um dia me casar atiro seu nome no esquecimento, e se tiver filhos eles só terão o nome do pai.
E acima de nós a Terra continuava redonda e girando.
Os anos me prenderam ao meu nome, me fizeram admitir que entre meu pai e eu haviam mais semelhanças do que eu gostaria de aceitar, aprendi a engulir a seco as palavras ruins e me abriram os canais lacrimais pra desaguar a dor de realmente não dar descendentes aos meus pais. Nenhuma impossibilidade física ou mental, só mais uma piada do tempo.
Sou mais uma filha do vento, cada vez que ele sopra, eu ergo as velas e deliro com a alegria de navegar por águas novas. Quando o vento para, repouso, medito, e espero pois tenho a certeza que ele volta, sempre.
Meu pai e eu aprendemos com o bambu, perdemos a arrogância, e nos curvamos, um diante do outro. Mas as palavras são mágicas, quando soltas ao vento parecem perdidas, mas tem poder, e são como boomerangs, voltam.
Mas sempre é tempo de aprender e reciclar, transformar o feitiço, produzindo também palavras de amor e perdão. Sem medos e sem bloqueios, deixando o vento soprar livre trazendo para a alma novos ares.

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá Symon! Feliz ano novo! Voltei a trabalhar hj. E como sempre nos últimos anos ! fui conferir MG! Tava bom mas acabou, pelo menos até as próximas férias! rsrsrsrs
Beijo

Conselhesa disse...

Amorrrrr... por isso você é minha ídala... vc não foi viajar??? preciso de tatuador urgente... quero fazer meu presente de aniversário lindo e colorido no ombro... :D
valeu pela força!
beijão

Anônimo disse...

Simon, Eu sempre tive problemas com meu pai...acho que ele lidou muito mal com dinheiro e bens, apesar de sempre ter sido pobre, até por isso acho que não foi feliz com grana. Acumulou doenças, penso eu, por ter sido sempre muito sovina. Eu dava presentes para ele que sempre eram vendidos ao primeiro que oferecia algum dinheiro que ele precisava. Eu sempre achei isso um absurdo, acho que presentes são mais valiosos do que qualquer dinheiro. Mas enfim...hoje o papai está muito doente, dependente de cuidadores. Sou um dos 3 filhos que se tornaram cuidadores ( dos sete filhos que ele tem ) e estou adorando a experiência, pois está sendo uma ótima oportunidade para que eu descubra várias qualidades que não observei durante nossa vida. Ele é um cara super gentil, super educado, chega a ser fino. Agradece tudo que vc faz por ele sempre com muito carinho...acho que está aprendendo também...VIVA A VIDA E DEUS COMO MOLA PROPULSORA DESSAS OPORTUNIDADES TODAS!!!
Um beijo e é bom ter vc de volta escrevendo.

Anônimo disse...

Amadurecimento Sy!!! Tenha paciência com vc!!!
Quem nunca errou, atire a primeira pedra!
Se cuida!
Bjs
Nani