21 fevereiro 2013

O Piano da Estação


7h15, o alarme avisa que começou a correria. Ligo o piloto automático. Banho, acordar, roupa aceitável pela sociedade, cabelo aceitável pela sociedade, no boteco da esquina um café engolido com meio lanche (não dá tempo de comer o lanche inteiro, levo a outra metade pra viajar) entro no metrô e observo a "sociedade touch screen" deslizando seus dedinhos por aparelhos que não tenho dinheiro pra comprar. Não faço parte. Não tenho grana. Não tenho tempo. Subo pela escada rolante porque esporte pela manhã não é o meu forte, e chego no saguão. Tecla PAUSE. Vejo o piano, e nele sempre alguém fazendo um carinho, dando um minuto de atenção, abrindo o portal pra dimensão da beleza, da música e da poesia. Eu enxergo no meio do caos a delícia do universo desejado. Diariamente, por uma fração de segundo, eu tenho uma certeza: eu quero ser o Piano da Estação. Tecle Play. O relógio de ponto espera, o único lugar onde me é permitido o touch screen. Digital Funcionário.

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